Nesta quinta-feira (5), o novo primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, concordaram em dar continuidade às visitas de alto nível entre os dois países, durante a primeira reunião presencial entre os líderes desde a posse de Ishiba na semana passada. O encontro ocorreu nos bastidores das reuniões da ASEAN, realizadas em Laos.
Ishiba, que assumiu o cargo em 1º de outubro, busca fortalecer a relação entre Japão e Coreia do Sul, um avanço significativo iniciado sob o governo de seu antecessor, Fumio Kishida, e que ganhou impulso com a eleição de Yoon em 2022. As relações entre os dois países estavam abaladas por questões históricas, como compensações de guerra, mas melhoraram consideravelmente nos últimos anos, graças à abordagem de Yoon, focada no futuro.
No início da reunião, os líderes destacaram a retomada da prática de "diplomacia de vaivém", que foi relançada entre Yoon e Kishida, simbolizando o reforço das relações diplomáticas.
Fontes do governo japonês indicaram que, além de fortalecer os laços bilaterais, Ishiba e Yoon também concordaram em promover ainda mais a cooperação trilateral com seu aliado comum de segurança, os Estados Unidos. Essa parceria tem sido essencial para enfrentar a crescente ameaça militar da Coreia do Norte.
A cooperação trilateral foi reforçada em uma cúpula realizada em agosto do ano passado, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, convidou Yoon e Kishida para o retiro presidencial de Camp David, um encontro que simbolizou o compromisso dos três países em trabalhar juntos na segurança regional.
Ishiba está em Vientiane, capital do Laos, participando das reuniões da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em sua primeira viagem internacional desde que se tornou primeiro-ministro.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão, Ishiba e Yoon já haviam discutido anteriormente por telefone e afirmaram que pretendem manter as "boas" relações bilaterais de forma "sustentável", reforçando o compromisso de cooperação contínua entre as duas nações.
Durante a cúpula ASEAN Plus Three, que inclui Japão, China e Coreia do Sul, Ishiba se posicionou contra "tentativas unilaterais de mudar o status quo pela força ou coerção em qualquer parte do mundo", segundo o Ministério das Relações Exteriores do Japão. Ele também expressou séria preocupação com as atividades nucleares e os testes de mísseis da Coreia do Norte.
Esta foi a primeira viagem internacional de Ishiba desde que assumiu o cargo, há apenas uma semana. Ele buscou garantir aos líderes da ASEAN que seu governo continuará a promover um "Indo-Pacífico livre e aberto", em um momento em que a influência econômica e militar da China cresce na região, assim como os repetidos testes de mísseis balísticos pela Coreia do Norte.
Na cúpula ASEAN-Japão, realizada no mesmo dia, Ishiba reafirmou sua oposição a ações que violem a soberania nacional no Mar da China Oriental, especificamente na área das ilhas Senkaku, controladas pelo Japão, mas reivindicadas pela China. A China envia regularmente embarcações militares e da guarda costeira para águas territoriais japonesas próximas às ilhas Senkaku. Além disso, em agosto, o Japão confirmou pela primeira vez que uma aeronave de espionagem militar chinesa violou o espaço aéreo japonês sobre águas próximas à província de Nagasaki.
Sobre Taiwan, uma ilha democrática autônoma que a China considera uma província rebelde, Ishiba reiterou a posição do Japão de que a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são "importantes" para as comunidades regionais e internacionais.
Apesar das tensões com Pequim, Ishiba também afirmou que o Japão continuará a "manter comunicação próxima com a China em vários níveis", buscando relações construtivas e estáveis entre as duas potências do Leste Asiático.
Os líderes do Japão, China e Coreia do Sul também participarão da Cúpula do Leste Asiático na sexta-feira, que inclui representantes da Austrália, Índia, Rússia e Estados Unidos. Essas reuniões integram três dias de discussões organizadas pela ASEAN, com foco na cooperação econômica regional e no fortalecimento da Iniciativa Multilateralização de Chiang Mai, um mecanismo de liquidez emergencial criado após a crise financeira asiática de 1997.