Candidatos com apoio de Bolsonaro derrapam em pesquisas

Publicado em 11 de abril de 2021
Por Silvio Mori

O apoio de Jair Bolsonaro aos candidatos a prefeito e vereador deixou de ser vantagem. Nas dez maiores capitais do País a maior parte dos candidatos ligados ao presidente do Brasil tem registrado baixa na intenção de votos, muitos estão escondendo e a figura de Bolsonaro para evitar a queda nas pesquisas.

Em Manaus, Porto Alegre, Belo Horizonte, Belém, Curitiba e Salvador os candidatos associados ao presidente não chegam aos dois dígitos nas sondagens mais recentes. Em São Paulo, Bolsonaro foi retirado do jingle da campanha de Celso Russomanno (Republicanos), embora, anteontem, tenha se encontrado com o candidato. No Recife, o presidente sumiu da campanha de seus aliados. Em Fortaleza, o líder das pesquisas, Capitão Wagner (PROS), agradece ao aceno feito pelo presidente, mas se define como "independente".

No berço político de Bolsonaro, o Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) colou sua imagem à do presidente e foi recebido para um café da manhã anteontem. Mas enfrenta dificuldades na campanha e corre o risco de ficar fora de um eventual segundo turno. Além do mau desempenho da maior parte de seus aliados, Bolsonaro procurou intensificar sua participação nas campanhas municipais e gravou vídeos para aliados como Crivella e Russomanno.

Pesquisas do Ibope mostram que a taxa de reprovação do presidente é maior que a de aprovação em oito das dez maiores capitais brasileiras.

Para o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), o possível arrefecimento da onda bolsonarista pode ser reflexo de uma insatisfação com o presidente que não é tão nítida nas pesquisas nacionais sobre a avaliação do governo. "O que está ocorrendo é um movimento clássico: quando o eleitor tem a oportunidade de avaliar o governo, menos no sentido imediato, do dia a dia, e mais no médio e longo prazo, ele aproveita essa ocasião, se não está satisfeito, para mudar o governo."

Moisés compara esse movimento ao que ocorreu com o PT em 2016, após a Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff. "Na primeira oportunidade que teve, o eleitor varreu o PT do mapa", disse o professor.

A socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Complutense de Madri, que tem entrevistado desde 2015 o eleitorado de direita, ressalta que, apesar da rejeição à figura de Bolsonaro, a agenda bolsonarista continua forte. "Tem uma diferença entre a personagem e a pauta. E a pauta continua muito forte."

Ligação

Depois de limar o presidente da propaganda de TV nesta semana, o marqueteiro Elsinho Mouco decidiu seguir o roteiro do Palácio do Planalto. A ideia, segundo ele, é reforçar a ligação com o chefe do Executivo federal na reta final da campanha. "A presença do presidente estanca a queda, independentes da rejeição", disse o marqueteiro. A pesquisa Ibope mais recente mostrou uma queda de cinco pontos nos últimos 15 dias, mas Russomanno continua empatado tecnicamente com Bruno Covas (PSDB) no limite da margem de erro - de três pontos porcentuais para mais ou para menos.

No Rio, Crivella está estagnado nas pesquisas de intenção de votos em segundo lugar e tecnicamente empatado com a deputada estadual Martha Rocha (PDT) - ele oscilou positivamente dentro da margem de erro, segundo o Ibope de anteontem. Nos comerciais e santinhos, a imagem de Bolsonaro é presença constante ao lado de Crivella.

Fonte: Notícias ao Minuto

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