Grupo cívico pede suspensão do funeral estadual de Abe

Publicado em 22 de julho de 2022
Por Redação

Um grupo de 50 pessoas, incluindo membros de grupos cívicos, pediu a um tribunal de Tóquio na quinta-feira (21) que emitisse uma liminar ordenando a interrupção de um funeral de Estado para o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe.

O pedido ao Tribunal Distrital de Tóquio, na véspera de uma decisão do Gabinete de realizar o raro funeral no dia 27 de setembro, busca interromper o uso do orçamento nacional se o Gabinete prosseguir com o plano.

Seria apenas o segundo funeral de estado de um ex-primeiro-ministro no Japão do pós-guerra, e o campo da oposição expressou preocupação de que o funeral, a ser totalmente financiado pelo governo, possa ser usado para cimentar o legado da figura divisiva.

"Há vozes na sociedade e nos partidos da oposição que são contra a realização de um funeral de estado", disse Masamichi Tanaka, chefe do secretariado do grupo cívico, durante uma entrevista coletiva em Tóquio. "Isso deve ser discutido no parlamento", disse.

O grupo cívico, que visa fiscalizar o abuso de poder por parte das autoridades, também pretende entrar com uma ação judicial contra o uso de dinheiro do contribuinte para o funeral planejado.

No pedido de liminar, a moção disse que não há base legal para a realização de um funeral de estado e que seria ilegal executar os gastos apenas com base em uma decisão do Gabinete.

A moção também sustentou que a realização de um funeral de Estado para Abe violaria o artigo 19 da Constituição, que garante a liberdade de pensamento, já que vários escândalos ligados ao ex-líder japonês dividiram o público.

Falando em uma coletiva de imprensa na quinta-feira, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, se recusou a comentar a moção do tribunal, mas disse: "Um funeral de estado é realizado como uma cerimônia e não força uma visão política particular a cada japonês ou exige que eles chorem".

Abe foi morto a tiros por um atirador solitário durante um discurso na cidade de Nara, no oeste do país, em 8 de julho, dois dias antes da eleição da Câmara dos Conselheiros. O assassinato chocou um país conhecido por seu rígido controle de armas e relativamente poucos casos de violência política.

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