Uma recente pesquisa da Universidade Nihon revelou uma conexão alarmante entre o tempo de deslocamento para a escola e o aumento dos casos de depressão e ansiedade entre estudantes do ensino médio no Japão. O estudo, que entrevistou aproximadamente 2.000 estudantes de escolas particulares nas regiões de Tóquio e Tohoku, destacou que 17,3% dos alunos apresentavam sintomas depressivos, enquanto 19% relataram sintomas de ansiedade.
Entre os alunos que enfrentavam um trajeto superior a uma hora, o risco de depressão era 1,6 vezes maior e o de ansiedade, 1,5 vezes maior, comparado aos estudantes com deslocamentos mais curtos. Aproximadamente 30% dos estudantes pesquisados relataram que levam mais de uma hora para chegar à escola, um dado preocupante para os pesquisadores.
O professor associado Yuichiro Otsuka, especialista em saúde pública e líder do estudo, destacou a necessidade de os pais considerarem alternativas de transporte ou optarem por escolas mais próximas. "Os pais precisam explorar opções de transporte alternativas ou considerar escolas com tempos de deslocamento mais curtos", sugeriu Otsuka.
O co-pesquisador Suguru Nakajima também alertou sobre os impactos negativos das longas viagens diárias na saúde mental dos adolescentes, instando os pais a incluírem esse fator ao escolher uma instituição de ensino para seus filhos.
Otsuka identificou três razões principais para o aumento dos problemas de saúde mental em estudantes com longos deslocamentos: a exigência física e emocional de caminhar ou pedalar longas distâncias antes de enfrentar transporte público lotado, a perda de tempo valioso para estudar, realizar atividades extracurriculares e socializar, e os padrões de sono desregulados.
Com menos tempo durante a semana, muitos estudantes acabam dormindo tarde e usando os fins de semana para recuperar o sono, criando um fenômeno conhecido como "jet lag social". Isso é particularmente comum na adolescência, fase em que o ciclo natural de sono muda para horários mais tardios.
Embora as consequências de trajetos longos para a saúde mental ainda sejam pouco exploradas no Japão, estudos em outros países, como os Estados Unidos, já mostraram a importância de horários escolares mais flexíveis. Um estudo da American Academy of Pediatrics, em 2014, recomendou que as escolas começassem as aulas mais tarde para promover o bem-estar dos adolescentes.
No Japão, algumas escolas particulares já possuem restrições, exigindo que os alunos vivam a uma distância máxima de até 90 minutos de deslocamento. No entanto, muitos alunos ainda enfrentam longas jornadas diárias, o que pode ter efeitos duradouros. Problemas psicológicos durante a adolescência podem levar ao desenvolvimento de transtornos mentais na idade adulta, além de estarem associados a comportamentos violentos e ao suicídio.
"Escolas poderiam implementar medidas para reduzir esse fardo, como limitar o tempo de deslocamento, aumentar o uso de ensino online ou atrasar o horário de início das aulas", recomendou Otsuka, que também enfrentou um longo trajeto durante sua época de estudante.
Com as temperaturas de verão aumentando e os deslocamentos longos se tornando mais comuns, a necessidade de medidas eficazes é evidente para proteger a saúde mental dos jovens.